Locais onde há organismos vivos, interagindo com o ambiente em que vivem, formam um ecossistema, assim como um pequeno jardim, um aquário e um lago. A Floresta Amazônica com todos as suas plantas, animais, clima, tipos de solo e rios também forma um ecossistema.
Então vamos imaginar nosso intestino como se fosse as entranhas da Floresta Amazônica. Um ecossistema denso e complexo, uma beleza que para ser mantida, necessita de uma variação de cuidados e equilíbrio para sustentar sua perfeição. Uma paisagem grande beleza que requer um certo cuidado especial.
Por si só, em particular, cada parte desse ecossistema desempenha um papel microscópio.
Pelo fato de existir uma vasta gama de relacionamentos entre essas partes, um sistema natural e de múltiplas faces, e de uma riqueza magnífica, é criada em larga escala e perfeitamente funcional. Se essa diversidade for prejudicada, danificada e deixada de lado, será criada uma condição em que determinadas cepas de bactérias não conseguirão sobreviver, causando um efeito cumulativo negativo no potencial desse ecossistema em prosperar, e nos proteger.
Sendo assim, podemos assumir que nossa flora intestinal tem sua própria língua, e de forma independente as bactérias podem se comunicar. É como se você comesse um certo tipo de alimento e sua flora intestinal tivesse uma conversa bioquímica sobre ele. Particularmente, eu acho isso fantástico, e foi uma das descobertas mais incríveis que eu tive quando comecei a estudar sobre a relação cérebro - intestino. A comunicação que acontece entre o cérebro, o trato digestivo, e os trilhões de bactérias que lá residem.
Você também pode imaginar sua flora intestinal como se fosse uma sociedade geográfica, cheia de diversidades culturais, como se tivesse apreciando uma tela de belezas variadas, trazidas pelo multiculturalismo. Uma sociedade multicultural e diversificada tem fronteiras abertas, recebendo e acolhendo diferentes comunidades e culturas do mundo todo, e é assim que queremos que nosso sistema digestivo seja, promovendo uma progressão na vida e saúde da civilização.
Sem muros, sem obstáculos. Deixe a diversidade desabrochar!
Parece que no mundo ocidental, os tratos digestivos da população se desenvolveu de forma bem diferente comparado ao que foi encontrado em povos indígenas. De maneira geral, podemos comparar um deserto árido (mundo ocidental) com uma exuberante floresta tropical (povos indígenas). Surpreendentemente, um grupo de indígenas que vivem em aldeias na Floresta Amazônica, na fronteira entre Venezuela e Brasil (os Yanomami),
têm a mais ampla variedade de genes microbianos já encontrados em um intestino humano. Curiosamente, por milhares de anos, alguns grupos vivem sem contato com o resto do mundo e acredita-se que algumas das poucas comunidades remanescentes nunca foram expostas a antibióticos, sendo um dos maiores vilões que pode ter arrasado nossas comunidades microbianas.
Acredita-se que no microbioma ocidental existe uma ausência de espécies bacterianas importantes, como as que metabolizam carboidratos ou outras que se comunicam com o sistema imunológico. Isso pode explicar o porque está cada vez mais comum pessoas com algumas condições imunológicas, como doença de Crohn's, esclerose múltipla e outros distúrbios autoimunes. Será que isso ocorreu devido ao nosso estilo de vida ocidental? Será que perdemos essas espécies, tão importantes que ajudam nosso sistema imunológico a funcionar normalmente?
Talvez essa minguante microbioma ocidental pode vir a desabrochar, se de forma consciente passarmos a "imitar" nossos ancestrais, procurando por alimentos disponíveis na natureza, promovendo assim a diversidade de nosso microbioma e assegurando nossa saúde. A diferença é que não vamos precisar caçar, e nem pescar!
Além dos antibióticos, que desmoronam a diversidade microbiana, existem outros fatores, como medicamentos bloqueadores de ácido, estresse, toxinas ambientais modernas, produtos químicos em nosso suprimento de água, uso de sabonetes antibacterianos e produtos de limpeza, pesticidas nos alimentos, e uma grande preferência por cesarianas, provocando em nossas gerações futuras uma perda de biodiversidade microbiana.
Mas o melhor de tudo é, que com bom senso nós podemos promover o aumento da nossa diversidade microbiana. Basta comermos uma dieta de alimentos vindo da natureza, orgânicos (quando possível), variada e colorida. Podemos incluir uma variedade de alimentos fermentados, e não podemos esquecer de beber água limpa e filtrada.
Mais de 400 espécies bacterianas diferentes foram identificadas por cientistas. Por essa diversidade, a flora intestinal é considerada um ecossistema complexo.
Não se estresse se você não tiver o orgânico, se for comida de verdade, coma e seja feliz! Fique com bom, pois a procura pelo melhor, pode te estressar, e estresse faz tão mal quanto os agrotóxicos para a nossa saúde.
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